O povo caiçara: conheça a cultura dos habitantes das praias
Descendentes de portugueses, africanos e indígenas, os caiçaras são um dos vários povos que formam a cultura brasileira. Ricos em todos os aspectos culturais, entenda como vivem esses povos ribeirinhos
O povo brasileiro é formado por uma mistura de várias etnias, tornando nossa cultura uma das mais ricas que existem. Somos negros, indígenas, descendentes de italianos, japoneses, portugueses, enfim, somos frutos de uma miscigenação de culturas causada principalmente pela colonização, escravidão e pelos ciclos econômicos. Toda essa mistura, além de dar base para construção de nossa identidade, gerou novos povos, como os quilombolas e os caiçaras.
A palavra caiçara vem do tupi, e era utilizada para denominar a cerca que rodeava os aldeamentos jesuítas de catequização dos índios. Esse povo, descendente da mistura de povos indígenas, africanos e portugueses, se estabeleceu então no litoral do sudeste do país, vivendo a partir de fragmentos de cada uma dessas culturas. Assim, pode-se dizer que o caiçara possui uma religião e modo de falar influenciados pelos portugueses, a alimentação e artesanato herdados dos povos indígenas das quais descendem, e traços culturais como músicas típicas e danças provenientes da influência africana.
Assim surgiu o caiçara: uma população ribeirinha, que vive principalmente da pesca artesanal e do plantio do que a terra lhe oferece, como a mandioca. Assim como o indígena, o caiçara possui respeito pela terra, agindo de maneira sustentável, sempre respeitando o tempo o impacto que o plantio causa a terra. Também é um povo muito animado – criadores do fandango, uma canção típica que está presente em todas suas danças e festividades, é um traço única dessa cultura. A rabeca, é o instrumento utilizado para dar melodia ao fandango, e é um instrumento único também dessa cultura. O artesanato é um outro elemento muito presente na vida do caiçara, que além de confeccionar seus instrumentos, também fabrica sua própria canoa – a canoa havaiana.
Hoje, as comunidades caiçaras vivem isoladamente no litoral de São Paulo e Paraná. Para manter essa cultura viva, que é uma das maiores dificuldades de qualquer cultura tradicional no século das facilidades geradas pelo acesso fácil as tecnologias do mundo moderno, o turismo de base comunitária vendo sendo bastante explorado entre essas comunidades, com o intuito de auxiliar no subsídio dessas famílias e assim, incentivar que elas mantenham sua cultura.
A exemplo disso nós temos as RDS Barra do Una e Despraiado. Ambas são comunidades caiçaras tradicionais que fazem parte dos municípios de Peruíbe e Iguape, e graças a delimitação da reserva e o incentivo ao turismo, hoje mantém sua cultura e festas tradicionais, como a festa do divino, ajudando tanto na economia da cidade, quanto na conservação dessa cultura tão rica. Esse tipo de turismo auxilia no envolvimento de toda a comunidade, que se junta de forma cooperativa para mostrar ao turista sua vivencia e sabedoria. Além do conhecimento, uma vez que o caiçara é pouco valorizado no ensino das escolas por exemplo, toda a comunidade tem a oportunidade de oferecer ao turista um pouco da cultura aprendida com seus ancestrais, e assim mantê-la, para que não se perca nas gerações futuras.
Visitar a Barra do Una e o Despraiado é um verdadeiro mergulho na cultura brasileira e uma viagem ao passado. A recepção calorosa, o aspecto de vila, as compotas de doces da região a venda, as várias canoas na beira do rio e a produção artesanal da farinha. Tudo isso finalizado em música, e em várias histórias e lendas que só se ouvem por ali. Isso sem mensurar a beleza da Juréia, da praia e do Rio Una do prelado, quintal desse receptivo.
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