Aldeia indígena Tabaçu Reko Ypy – uma viagem de volta às origens
Através do turismo de base comunitária, a aldeia indígena Tabaçu Reko Ypy nos leva para uma viagem aos nossos antepassados – vivendo de modo tradicional, valorizando sua língua e cultura, nos leva a repensar o sentido de nossa evolução.
O cotidiano, as rotinas, a tecnologia. O tempo – ou a falta dele. As relações de um mundo conectado por pessoas desconectadas. Hoje, vivemos em função do futuro, sempre enterrando o ultrapassado, esquecendo-se que o que somos depende do que fomos. E assim, perdemos a identidade – em nome da evolução, do desenvolvimento, não sabemos mais quem foram nossos antepassados, como pensavam e quais sabedorias permitiram que sobrevivessem. E tudo isso passa despercebido, até nos depararmos com a experiência de vida que todos deveriam ter a oportunidade de passar: Apenas com um choque de culturas, um verdadeiro choque temporal é que paramos para notar o quanto o mundo é maior do que nossos conceitos.
Na aldeia situada na divisa entre os municípios de Peruíbe e Itanhaém, com certa dificuldade sobrevive o que nossos antepassados foram. A aldeia indígena Tabaçu Reko Ypy, através de forte trabalho de turismo de base comunitária, vive muito além do que aprendemos com os livros. Com a intenção de nos mostrar que as tradições não morreram, eles mantém sua língua mãe, o tupi-guarani, utilizam frutos da mata para fazer suas pinturas, suas armas e seus alimentos. Suas danças e cantos agradecem aos espíritos pela floresta, pelo que a floresta proporciona. Tudo para eles possui significado.
Fotos de: Bruno Neri
Itamirim, mulher do líder da aldeia, através da palestra que dá início a visitação amplia a visão de mundo que temos. A partir dela, aprendemos que o índio é o guardião da terra, por que é a terra que dá vida ao índio. Questões como a demarcação, a posição do índio com relação aos bens materiais, tudo é esclarecido, desmistificando a ideia que nos é imposta sobre os indígenas. Em seguida, na trilha interpretativa aprendemos onde estão cada uma das matérias primas que eles utilizam para confeccionar seus arcos, suas casas, seus adornos. Ao final, o espaço sagrado, onde eles vivem inteiramente de modo natural, sem nenhuma intervenção da atualidade proporciona uma mistura de sentimentos e energias que são indescritíveis.
Os cantos de agradecimento não se traduzem. Tudo na aldeia Tabaçu é sensitivo – basta ter a mente aberta, e todos os significados vividos pelos índios passam a ter um sentido para nós. Como bons anfitriões, o almoço e café da manhã que nos é oferecido é também uma experiência gastronômica única. Praticamente livre de agrotóxicos, condimentos e temperos artificiais, bem como tudo na aldeia, é purificante. Para eles, é preciso se alimentar, dando apenas o que o corpo pede, sem exageros.
Fotos de: Bruno Neri
E desse modo é impossível não aprender. A forma com que valorizam a cultura, a terra e o modo com que a protegem, mantendo as tradições equilibrando com a vida contemporânea nos leva a refletir. A união em volta do fogo sagrado nos faz pensar nas conexões humanas que perdemos, e suas canções de agradecimento nos questiona por que estamos sempre em busca de mais, ao invés de valorizar o que nos foi dado. Mais do que turismo étnico cultural, conhecer a aldeia é expandir a mente e evoluir espiritualmente.
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