Resistindo a mais de 100 anos, a Vila Barra do Una é composta por uma comunidade legitimamente caiçara, localizada dentro da Estação Ecológica Juréia Itatins, na cidade de Peruíbe.
Estima-se que a comunidade tenha sido formada por moradores da cidade de Iguape, por volta do século XIX, sobrevivendo principalmente da pesca e do cultivo.
No fim da década de 1970 (período da ditadura), a Juréia passou por momentos tensos. O setor imobiliário pretendia implantar um condomínio de luxo no local, e dez anos depois, a ameaça foi da construção de usinas nucleares. Para evitar que essas ameaças voltassem a se repetir, o governo da época assim que percebeu a importância do Itatins para o equilíbrio dos ecossistemas que dependiam da conservação daquele local, implantou o Mosaico de Unidades de Conservação da Juréia-Itatins, e desse modo, impediu que a Barra do Una fosse destruída para a construção de qualquer empreendimento que fosse.
No contraste entre a preservação da cultura e da natureza, a Juréia enfrentou diversos dilemas. Se por um lado a criação da RDS de da APP garantia que o local fosse utilizado de forma consciente, preservando um dos maiores – e últimos – redutos de mata atlântica original do país, por outro, a desapropriação de comunidades tradicionais do local poderia destruir séculos de cultura e tradições de povos que ali habitavam muito antes do homem se preocupar em preservar.
Atualmente, depois de uma longa jornada entre protestos das comunidades que não queriam deixar seu território e a necessidade de garantir que o local fosse preservado, cerca de 300 famílias, ou seja, 60% da comunidade original que habitam dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una ainda estão por lá, garantindo a preservação da cultura e o uso consciente do lugar. Seus moradores ainda mantêm tradições importantes adquiridas de seus antepassados, como por exemplo, algumas festas religiosas e o fandango – dança típica caiçara, praticada por homens e mulheres em roda, acompanhada por um instrumento de corda feito artesanalmente, a rabeca. Outro ponto importante é a pesca, que ainda é a maior fonte de subsidio para os moradores da vila.
A comunidade tradicional não é o único encanto da Barra do Una: a natureza deslumbrante do lugar é de encher os olhos, são rios, praia e cerca de 400 espécies de aves que dão um visual único a esse paraíso. As trilhas também são atrativos ótimos para quem curte uma boa aventura em meio a natureza. Suas praias calmas e de uma beleza intocada, são perfeitas para quem busca fugir da correria do dia a dia e se encontrar. A Barra do Una também dispõe de uma boa infraestrutura turística, com várias opções de campings, pousadas e restaurantes que se preocupam em manter o sabor caiçara em seus pratos, com várias opções de pratos típicos da região.
Em suma, apesar da dificuldade de acesso por causa das condições da estrada, a Barra do Una é sem dúvidas uma parada obrigatória para todos os que buscam mais do que uma praia, mas sim um paraíso para descansar a alma.
Jorge
2 de agosto de 2018 at 09:36A praia de fato é linda estive lá com minha família e curti bastante limpa e com um visual incrível. Recomendo.